(Bantu
Steve Biko, líder estudantil, África do Sul, 1971) |
No Brasil, os gaúchos estiveram na vanguarda pela criação do dia 20 de novembro, mais precisamente no ano de 1971, em Porto Alegre, quando um grupo de universitários negros (vide figura abaixo) criou o coletivo Palmares, estando entre os seus fundadores, o poeta gaúcho Oliveira Silveira, Vilmar Nunes, Ilmo da Silva e Antônio Carlos Côrtes, dentre outros.
Um
dos objetivos iniciais era discutir a proibição de entrada de negros em clubes
da capital, além de debater o racismo e a inserção de negros nos espaços de
poder da sociedade.
O “Dia Nacional da Consciência Negra”, em 20 de novembro, foi instituído em homenagem a Zumbi dos Palmares que liderou a resistência no Quilombo dos Palmares na Serra da Barriga-AL, assassinado 1695. Lutou até a morte contra a opressão dos escravocratas e as mãos sujas de sangue de carne preta em nome do poderio econômico, da soberba e do racismo estrutural! Na Serra da Barriga está o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, espaço de memória coletiva, dolorosas e sensíveis.
Parque Memorial Quilombo dos
Palmares
Da
histórica e árdua trajetória de um povo desterrado, no processo diaspórico
africano. Verteu-se o sangue de indígenas, africanos e afro-americanos escravizados,
para irrigar canaviais, cafezais e dar brilho aos metais preciosos de seus
infames senhores. Uma luta homérica defendida por grandes vultos como o “poeta
dos escravos” Castro Alves, os abolicionistas Joaquim Nabuco, José do
Patrocínio e tantos outros que contribuíram nessa caminhada de resistência.
Estudos apontam que a partir do século XVII em Pernambuco, escravizados africanos, vítimas do senhorio cristão europeu, foram trazidos pelos portugueses para o Brasil, em navios asfixiantes e em condições ultrajantes. Sob o tinir dos grilhões, desembarcaram e, com eles, além da dor do exílio, a saudade da terra mãe. Sua garra e suas raízes como armas de resistência e esperança.
A construção da grandeza dessa terra, inúmeras vezes marcada pelo sangue alheio, para saciar a sanha de latifúndios canavieiros, cafeeiros, numa supremacia branca escravocrata e ordinária. O sal gotejado na terra fértil, irrigada pelo suor de bantos e sudaneses, fez a fortuna e a doçura da cana. Do açúcar alvo como a neve, que deixava mel o amargo café. Temperado pela vergonhosa escravidão dos renegados e a miséria dos ignorados! Pelas mãos e pés de guerreiros que por sua pele preta, resistentes como ébano, foram historicamente inferiorizados e desclassificados, pela pseudociência da Eugenia, alicerçada na intolerância e no darwinismo social.
Sempre serão nossas atitudes e o nosso caráter, determinantes para qualquer mudança e em qualquer circunstância.
“Não basta não ser racista: sejamos antirracistas!” É necessário um olhar crítico, atento e humano, para uma população de indivíduos excluídos historicamente, imersos em injustiças e abandono.
Que o Dia Nacional da Consciência Negra, seja para além das comemorações, que traga a reflexão e as possibilidades de mudanças reais, no combate ao preconceito e a intolerância!
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