sábado, 20 de novembro de 2021

20 de novembro : Dia Nacional da Consciência Negra

(Bantu Steve Biko, líder estudantil, África do Sul, 1971)

 

No Brasil, os gaúchos estiveram na vanguarda pela criação do dia 20 de novembro, mais precisamente no ano de 1971, em Porto Alegre, quando um grupo de universitários negros (vide figura abaixo) criou o coletivo Palmares, estando entre os seus fundadores, o poeta gaúcho Oliveira Silveira, Vilmar Nunes, Ilmo da Silva e Antônio Carlos Côrtes, dentre outros.

Um dos objetivos iniciais era discutir a proibição de entrada de negros em clubes da capital, além de debater o racismo e a inserção de negros nos espaços de poder da sociedade.

O “Dia Nacional da Consciência Negra”, em 20 de novembro, foi instituído em homenagem a Zumbi dos Palmares que liderou a resistência no Quilombo dos Palmares na Serra da Barriga-AL, assassinado 1695. Lutou até a morte contra a opressão dos escravocratas e as mãos sujas de sangue de carne preta em nome do poderio econômico, da soberba e do racismo estrutural! Na Serra da Barriga está o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, espaço de memória coletiva, dolorosas e sensíveis.

Parque Memorial Quilombo dos Palmares

Da histórica e árdua trajetória de um povo desterrado, no processo diaspórico africano. Verteu-se o sangue de indígenas, africanos e afro-americanos escravizados, para irrigar canaviais, cafezais e dar brilho aos metais preciosos de seus infames senhores. Uma luta homérica defendida por grandes vultos como o “poeta dos escravos” Castro Alves, os abolicionistas Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e tantos outros que contribuíram nessa caminhada de resistência.

Estudos apontam que a partir do século XVII em Pernambuco, escravizados africanos, vítimas do senhorio cristão europeu, foram trazidos pelos portugueses para o Brasil, em navios asfixiantes e em condições ultrajantes. Sob o tinir dos grilhões, desembarcaram e, com eles, além da dor do exílio, a saudade da terra mãe. Sua garra e suas raízes como armas de resistência e esperança.

A construção da grandeza dessa terra, inúmeras vezes marcada pelo sangue alheio, para saciar a sanha de latifúndios canavieiros, cafeeiros, numa supremacia branca escravocrata e ordinária. O sal gotejado na terra fértil, irrigada pelo suor de bantos e sudaneses, fez a fortuna e a doçura da cana. Do açúcar alvo como a neve, que deixava mel o amargo café. Temperado pela vergonhosa escravidão dos renegados e a miséria dos ignorados! Pelas mãos e pés de guerreiros que por sua pele preta, resistentes como ébano, foram historicamente inferiorizados e desclassificados, pela pseudociência da Eugenia, alicerçada na intolerância e no darwinismo social.                            

Sempre serão nossas atitudes e o nosso caráter, determinantes para qualquer mudança e em qualquer circunstância.        

“Não basta não ser racista: sejamos antirracistas!” É necessário um olhar crítico, atento e humano, para uma população de indivíduos excluídos historicamente, imersos em injustiças e abandono.

Que o Dia Nacional da Consciência Negra, seja para além das comemorações, que traga a reflexão e as possibilidades de mudanças reais, no combate ao preconceito e a intolerância!